A RAIVA NOS RELACIONAMENTOS – ESTRATÉGIAS DE REGULAÇÃO

Flórence Diedrich

31 de janeiro de 2016

Psicologia

O casal está em meio a uma discussão acalorada e um dos parceiros "explode", falando tudo que vem na cabeça. Já viu esta cena? A sensação geralmente é de alívio temporário, mas assim que a raiva descresce, podem vir sentimentos de arrependimento, além de outras mágoas para lidar.

Saber lidar com a raiva é um desafio para muitos casais, pois por vezes, este sentimento pode dificultar o diálogo. Ouvir, se expressar e ser empático(a) se torna muito mais difícil se estivermos com um nível alto de raiva.

A forma como o casal expressa as emoções entre si, interfere diretamente na SATISFAÇÃO e estabilidade da relação.

A raiva é um sentimento universal e todos temos o direito de senti-la, o que pode não ser adequado é a forma de EXPRESSÁ-LA.

Quando um dos parceiros est? mobilizado por sentimentos de raiva intensa, ele/ela pode ter a tendência de:

1- direcioná-la para pessoas 2- direcioná-la para objetos 3 -reprimi-la 4-controlar num primeiro momento, para posteriormente expressá-la de maneira adequada e proveitosa para a relação, buscando a solução da questão que ativou a raiva

Existem formas variadas de expressão da raiva e essas formas sofrem influência da cultura e do ambiente experienciado. Assim, os modos de expressão da raiva podem ser APRENDIDOS e, portanto, MODIFICADOS.

Cabe salientar que o comportamento de raiva é o ultimo a ocorrer, primeiro surge a SITUAÇÃO DESENCADEADORA, depois a FORMA COMO INTERPRETAMOS, após o SENTIMENTO e aí sim, o COMPORTAMENTO.

O sentimento de raiva passa pela interpretação de cada um, desta forma, um comportamento que pode gerar raiva em um parceiro, não necessariamente irá gerar raiva no outro.

Não precisamos ficar reféns da forma como expressamos a raiva, permitindo que, em função dela, o caos seja criado em nossas relações. Podemos aprender a manejá-la de maneiras mais adaptativas. Entre o "SENTIR" e o "AGIR", devemos inserir o "PENSAR".

O primeiro passo para lidar com ela e não permitir que ela interfira negativamente em nossas relações é RECONHECÊ-LA e entendê-la como uma sentimento nosso e de nossa responsabilidade.

Além disso, é importante ter consciência de que a raiva, como qualquer sentimento, possui um ciclo: Ela surge, CRESCE, ALCANÇA SEU PICO e DECRESCE.

Abaixo seguem algumas atitudes que podem ajudar a regular a raiva:

- Autodiálogo: Falar consigo mesmo(a), mentalmente, palavras que ajudem a se tranquilizar Ex: "Estou com raiva, mas isso não é o fim do mundo". "Posso assumir o controle sobre minhas atitudes." "Vou deixar para agir depois, quando tiver avaliado a situação sem raiva"

- Respirar lenta e profundamente

- Sair do ambiente em que você está para pegar um ar ou dar uma volta, tirando temporariamente a atenção do assunto ou situação que gerou a raiva, para repensá-lo mais tarde.

Também podemos fazer o exercício de imaginar a raiva como um termômetro que serve para nos mostrar quando algo nos incomoda.Vamos usar dela para buscar entender O QUE e PORQUE nos incomodou e não como meio de lidar com a situação. Ou seja, buscar entender a FUNÇÃO deste sentimento.

Se um dos parceiros reage com raiva intensa durante uma disussão, á possível que o outro seja contagiado pelo mesmo sentimento, suscitando também a raiva e iniciando assim um ciclo de comportamentos negativos.

Quando a raiva surge no outro, podemos (quando o sentimento estiver em um nível controlado), buscar através do diálogo entender o que deixou o parceiro(a) tão mobilizado, perceber seu ponto de vista e seus sentimentos - exercitar a empatia para buscar equilibrar a relação. Quando nos sentimos acolhidos e compreendidos no nosso sentimento, a raiva tende a diminuir.

Para algumas pessoas, esse sentimento pode ser mais frequente e intenso, prejudicando as relações e dando a sensação de estar "fora do controle". Nestes casos é imprescindível que seja buscada ajuda profissional.

Eventuais frustrações e desentendimentos fazem parte dos relacionamentos, mas é como canalizamos os sentimentos que faz a diferença na construção de uma relação madura.

Aprender a monitorar e regular nossas emoções deve ser um trabalho contínuo, para que nós e nossas relações não se tornem reféns delas.

Por: Psic. Flórence